Wednesday, September 20, 2006

Adooooooooooro comprar coisas caras. acho que quase todo mundo sabe disso. Mas não, não sou preocupada com marcas ou status. Não me interesso em sair por aí exibindo logos enormes que ostentam a insegurança do ser humano.

Eu gosto mesmo é de não ter trabalho. Gosto que as coisas venham até a mim. Gosto de saber que a loja "cares about me". Quero ligar reclamando do que eu comprei e eles imediatamente resolverem meu problema. Por que, sim, eles se interessam por mim.

É mais ou menos ter uma babá a cada esquina. Não está bem feito, eles resolvem. Afinal, você não pagou pelo produto. Um pé e mão não custa tanto em nenhum outro lugar. Você pagou para ter aquela cor exclusiva que ninguém mais tem. Você pagou pra ter as suas unhas pintadas de uma cor perfeitamente homogenêa. E se não tiver, eles consertam.

Minhas duas últimas aquisições foram um travesseiro e um cabelo novo. O travesseiro veio até a mim no trabalho. Eu não precisei mais do que um telefonema para isso. A loja verificou o estoque, me ligou para confirmar tudo e mandou um courrier, que deveria chegar em até 3 horas do mesmo dia. De quebra ainda ganhei um trial. Caso precisasse trocar, ele viria até a mim de novo. Tudo isso porque comprei um travesseiro que tem o preço de um colchão. Mas, gente, é marca registrada da Nasa.

Sobre meu cabelo? Bem, esse é realmente um assunto na minha vida. Se eu tivesse que escrever uma biografia, eu poderia nomear seus capítulos através das fases do meu cabelo.

Recentemente fiz umas luzes. Ficaram péssimas. Ah, a cabeleireira? Certificadíssima. Única representante da Loreal no exterior. Já ganhou prêmios por coloração e essa coisa toda. Mas, enfim, como eu já disse aqui: Todo gênio tem seus minutos de estupidez. O resultado nesses casos é devastador.

Mas o que faz um salão que custa uma fortuna? Te chama lá e faz tratamentos de graça no seu cabelo durante quase 1 mês. Pronto. A vida pode ser simples. Tudo assim, por causa de umas hidratações grátis.

Mesmo gostando de muitas coisas, tenho uma lista de prioridades

1- Cremes, shampoos e afins. Em enorme quantidade e de várias categorias. Escolho pelo cheiro, pela utilidade, pela embalagem. Tudo vale.
2 - Bijou. Mais ou menos 3 vezes na semana. Uma religião, praticamente.
3 - Bolsas. Grandes e com bastante coisas penduradas. Um luxo.
4 - Cachecol e écharpe. Essencial. Mesmo que esteja debaixo de 40 graus e vestindo camiseta.
5 - Tratamentos que não servem para a nada. Existem poucos prazeres que se comparam a fazer uma massagem bem feita. Mesmo que você vá se estressar 2 minutos depois.

E você?

Tuesday, September 19, 2006

Me fizeram um desafio. Eu tinha alguns minutos para escrever sobre um abacate. Isso. Um abacate.

Acho que de todos os desafios que já recebi esse me parecia o mais simples. Não porque a proposta fosse completamente infundamentada ou não tivesse uma intenção.

Mas porque o desafio permitiria que eu me despisse de meus entusiasmos, de meus dramas, de minhas euforias. De tudo. Eu poderia parar de narrar. Poderia desligar o Guillemots que já estava há muito tempo no repeat e abrir a janela. Poderia não me comportar como eu mesma.

Poderia pensar que eu gosto de comer abacate com limão e como é bonito aquele suave degradé que vai do verde escuro da casca até o amarelo de dentro. Poderia pensar que isso me lembrava de alguém que tivesse os olhos verdes. Poderia esquecer o motivo que me fazia ficar no trabalho até tão tarde, negligenciando a possibilidade de ir pra casa.

Poderia esquecer que era sexta-feira, mas que na realidade pra mim tanto fazia. Tanto fazia segunda também. Domingo ou quinta. Com sutis diferenças, todos os dias eram os mesmos. No sábado eu poderia beber e dormir até mais tarde. Às quartas tenho analista. Tanto fazia.

Minha cadeira era confortável e eu ia mimando meu tédio, aos poucos, com suaves remédios. Emails, blogs, sites, msn. Um mundo que não foi feito para ser vivido brutalmente preenchia todos os espaços e ia ocupando muito mais espaço do que deveria.

Mas nisso tudo, o que importava realmente era meu desafio. Era escrever sobre o abacate. Sobre a gordura saudável que tinha o abacate e sobre a vitamina D que os médicos tanto recomendam. Eu poderia também tentar falar das receitas de creme de abacate. Ou procurar no Google como culturas distantes comem abacate. A única coisa que sabia, porém, era que os americanos fazem sushi com abacate em vez de manga. Alguém me contou.

Fora isso, não sabia mais nada. Nada de relevante ou interessante. Nada que eu pudesse fazer. Passava de meia-noite e eu tinha atendido 3 telefonemas que me obrigaram a ver do lado de fora. Me obrigavrm a dizer não. Negar o que eu poderia fazer. Continuar offline.

E permanecer online. Mesmo sem saber aonde isso ia levar. Esquecendo mais do que pensando. Fazendo mais do que me permitiria uma reflexão. Sem fazer nada. Sem rever nada. Com uma sensação estranha de que deveria ser diferente. Sem medo, sem idéia. Sentindo nada.

Who let the lights off, baby?