Monday, October 16, 2006

O Capítulo de hoje é:
Irritando a Raquel - Simples lições de como fazer meu dia ser um evento aborrecido.

Vamos lá, Em ordem decrescente de poder de enraivecimento.

Número 10
Victoria Secrets.
Alguém me explica porque uma colôniazinha xinfrim, vendida em embalagem de plástico e logotipo adesivado, é usada como se fosse uma coisa super sofisticada? Eu sinceramente não sei entender. Será que aquela campanha com modelos irretocáveis, usando minúsculos modelitos, funciona também nas mulheres? Serão todas elas lésbicas em potencial ou somente invejosas? Só sei que se O Boticário resolvesse lançar uma versão brazuca tipo "Abóbora com côco" não seria esse sucesso todo. Pronto, falei.

Número 9
Cutucar.
Será que é uma idéia muito inusitada ser um pouco civilizado e usar o nome da pessoa que você quer chamar, ao invés de esticar seus dedos e tocar o amiguinho? Imagine você distraída, daydreaming em frente à uma vitrine qualquer, e de repente sua paz é subitamente abalada por um dedo? Não uma voz ou qualquer outra coisa suave. Não. Um dedo. E no pacote das pessoas que cutucam, ainda está incluído o rosto dela praticamente grudado no seu, como também sua enorme cara de frustração ao ver que você tomou um susto. É minha gente, não tem saída não. Sorriso amarelo pra que te quero. Bem, mas como tudo na vida tem chance de piorar, poderia ser uma daquelas cutucadas meio cafajestes perto da cintura. Ui. Falta de classe.

Número 8
Música de Dentista
. Música de dentista não ganhou esse apelido à toa. Não é que ela seja de qualidade tão inferior do que aquelas porcarias que você escuta por aí. Mas ela tem a capacidade onipotente de ser a música errada, na hora errada. Vai tocar hino evangélico, se você for ateu convicto. Pagode, se você for metaleiro de carteirinha. Estará alta a ponto de você não conseguir falar no celular com tranquilidade ou ver aquele super programa vespertino da Angélica.

Número 7
Batuque.
Já reparou que quanto mais tranquilo tiver o ambiente, maior a probabilidade de encontrar alguém disposto a batucar os sucessos perdidos de Jacinto de Jesus, o mais obscuro dos sambistas esquecidos? Eu queria entender o que move essas pessoas à deliberadamente atrapalhar o sossego dos outros. Acho que eles acreditam em algum tipo de dever moral em alegrar os ambientes. Como se eles fossem capazes de acabar com o gelo das situações mais rotineiras com esse pequeno ato de generosidade. O pior é que geralmente os que batucam também sabem assobiar. E aí, dá-lhe Jacinto de Jesus!

Número 6
Puxar papo.
Não, eu não acho melhor que tenha aberto o sol. Eu não vi como estava cheia a praia no domingo e eu não sei do acidente que aconteceu às 5:30 da manhã e que está atrapalhando o trânsito até agora. Eu não gosto de conversar em filas e tenho zero de saco para falar com o motorista de taxi. Também não gosto de entreter o massagista com banalidades, enquanto ele aperta minhas costas. Pode até ser perigoso. Mais uma vez, fico no escuro sobre o porquê dessa necessidade. O que leva uma pessoa à ter necessidade de falar com completos estranhos sobre coisas sem importância? Eu entenderia se a pessoa chegasse perto de mim e resolvesse despejar seu mais negro segredo, mas falar sobre o tempo? Por que?

Número 5
Nextel.
Acabei de descobrir que você pode falar no Nextel usando o fone de ouvido e que não é necessário ficar usando a função de walk talk. Resumindo: não é necessário ficar berrando sua conversa privada por aí e ninguém precisa ouvir aquela barulheira à toa. E qual não foi minha surpresa ao descobrir! Até hoje entendia o Nextel como uma forma das empresas se comunicarem com seus funcionários de forma rápida e barata. Ah, quanta ingênuidade a minha. Se os donos de Nextel soubessem, eles provavelmente estariam rindo de mim. Esse tempo todo em que eu ficava constrangida ao ouvir aquele monte de futilidades em alto e bom som, eles estavam se divertindo com seu brinquedinho. “Valéeeeeeeria, já comprou a ração?” “Valéeeeeeeeeeria, me escutou?”.

Número 4
Donos de cachorros.
Então vamos lá. O mais controverso de todos os capítulos. Já me acostumei com retaliações em relação ao tema, então chega de papas na lingua. Todo mundo sabe que não sou lá das maiores fãs de cachorros. Sim, é verdade. Não me emociono com comerciais em que saudáveis cachorros correm livre pela praia. No fundo de tela do meu computador não tem fofos cachorrinhos em uma cesta de vime e quando uma pessoa me mostra orgulhosa as fotos de seus cachorros, eu não cedo. Para mim qualquer quadrúpide que anda babando por aí, e precisa de ajuda para fazer o mínimo necessário para a existência, não é um membro da família. Ah, por favor, você não vai dar o argumento do “sem coração” né? Mas não são eles meu maior problema. O duro é conviver com seus respectivos donos. Ou eu deveria chamar de pais?? Dono de cachorro beija a boca de seu animal, o segura no colo, limpa a rua depois da liberação de todas as fibras que comeram. Mas a pergunta é: alguém aí consideraria fazer isso por outro bicho? Que tal uma égua? Ser dono de cachorro deveria constar em questionários padrão. Sexo: Feminino, Cor: Branca, Dono de Cachorro: Não!
Gente, mas eu não quero fazer sabão de pequenos filhotinhos felpudos não, OKEI?

Número 3
Gente que empaca o caminho.
Você tem 25 minutos para almoçar, comprar o presente da tia-avó do meio-irmão do seu namorado, precisa fazer pé e mão e pagar o cartão que já está há 10 dias em atraso. Claro que é justamente nessa hora que todo mundo na sua frente parece estar à passeio. Não adianta argumentar com a pessoa na escada rolante que ela deve permancer à direita. Ela não respeita essas regras. Ninguém respeita essas regras. Ao cruzar o shopping você tem que driblar 2 gordas que conversam como se nada mais acontecesse no mundo. E, claro, coitada da velhinha que só está querendo pagar o pão de queijo com moedas de 1 centavo. Ela tem direito de contar o dinheiro lentamente no caixa. Ninguém a proíbe disso. Mas por que justamente hoje? E com você! Não tem jeito. Às vezes Piaget não funciona. Você tem mesmo que apelar pro Pinochet. Que tal regras específicas para pessoas lentas? Por exemplo: um caixa especialmente destinado a pessoas super detalhistas. Seria mais ou menos o conceito do caixa de 10 volumes. Só que seria direcionado àquelas pessoas que arrumam o troco na carteira em ordem decrescente do valor das notas. E por aí caminha o facismo...

Número 2
Clichés.
Ok, eu sei que isso é vago demais. Então vamos com calma. Essa categoria ocupa o mesmo lugar semântico da "opção outros" de um questionário. É mais ou menos um apanhado geral de tudo o que me aborrece por aí, sem necessariamente pertencer a uma classificação específica. Por exemplo: Não tem cliché maior do que usar metáforas sobre plantas para falar sobre o amor. Alguma coisa do tipo: Deixar nosso amor florescer, nossa amizade germinar e crescer. Ui. Já para falar sobre a vida tem sempre alguém para mencionar uma guerra. Lutas, heróis, Armas, etc. Eu não sei vocês, mas eu vim à passeio. Se está acontecendo alguma guerra, por favor me avisem, porque eu nem tomei conhecimento. Claro, temos também os clichés humanos. Dublés de descoladas, confidentes de cabeleireiro, modernos de locadora, pseudos de botecos.

Número 1
A Casquinha do Mcdonald's. Voilá, chegamos ao nosso primeiríssimo lugar. Essa assim chamada "sobremesa" é na verdade uma instituição e se existisse um Museu para as coisas mais abomináveis do planeta, ela ocuparia o lugar de maior destaque. Seria, assim, uma espécie de Monalisa no Louvre. Poucas coisas são tão feias no mundo quanto ver uma mãe-de-família, apenas 15 kilos acima do peso, em shorts jeans, segurando 17 filhos e 12 sacolas plásticas, enquanto tenta enfiar por inteiro, e de uma só vez, aquela enorme porção de caloria na boca. Algumas ainda chegam ao sórdido detalhe de dar uma rodadinha no sorvete enquanto ele está na boca. Gente, aquilo é praticamente uma felação. E pública! Sorry, sou pudica.