Saturday, December 30, 2006

As últimas palavras de um ditador foram abafadas por ruídos mesquinhos e estridentes.

Sopradas meio sem folêgo, elas conseguem mostrar uma brutalidade mais sangrenta do que todos os seus pecados. O seu último e maior.

Ao expirar pela última vez, Saddam fala o nome de seu rival. O nome de quem sentenciava sua queda.

Hussein foi condenado pela morte de 148 pessoas.
Ou coisa assim.

Recebi a notícia com tristeza sincera. Para mim, aqueles 3 minutos que duraram sua morte eram décadas que caíam. Era o fim de mais um grande marco. De mais um símbolo.

E eu adoro símbolos.

Rejeitado por seus aliados. Amado e odiado por outros. Saddam era a metáfora do inimigo. Exército de um homem só. Ele era a luta contra o povo. Apesar do povo. Era o averso. Um sacrilégio.

Mostrou seu rosto quando tinha escolha pelo recolhimento e discrição. Entregou sua morte com desdém por quem o detinha. Perdeu-se longamente em sua defesa, mesmo sabendo que sua luta era vã. Manteve o mesmo ardor insensato que o motivou durante toda a vida.

Übermensch.