Tuesday, December 18, 2007

E de repente, sem a menor explicação, uma vontade de agradecer. De dizer que já fiz tudo, ou quase tudo, o que quis. De falar que fico feliz em ouvir um roquezinho leve, ou um jazzinho francês. Que usei meu cabelo em camadas e agora o quero liso de novo. Que ajudei a todos os que pude. Que descia os degraus da escola de bunda; que já quebrei o nariz de um garoto. Que fui a muitos shows e que nunca fico aturdida em multidões. Que chorei em meio a um bloco de carnaval. Que tentei fazer a dor passar dançando. Que dei cola em química. Que nunca gostei de esportes. Que já li livros que mudaram minha vida. Que meu primeiro CD foi do Oingo Boingo. Que sempre faltava nas primeiras aulas da faculdade. Que já recebi flores no telhado. Que bebi chocolate quente em teresópolis; que me perdi em NY, em Buenos Aires e no rio. Que me apaixonei. Que me decepcionei. Que andei por ipanema de tarde, sem ter nada o que fazer. Que tinha medo do que tinha debaixo da cama. Que até hoje fecho a porta do armário pra dormir. Que já lambi o prato. Que tive um peixe e aqueles pintinhos de feira, que sempre morrem. Que já escrevi tantas cartas que não mandei. Que não achei o meu lugar. Que já trabalhei em lugares que não gostava. Que tive medo de que meus amigos partissem. Que fazia compania para minha avó nas tardes que não tinham aula. Que era ruim em história. Que já coloquei um gesso falso na mão. Que pintei meu cabelo de verde. Que ia a matinés na basement. Que fiz amigos que não se parecem comigo. Que entendi alguém só de olhar. Que estou ansiosa pra todo o que resta.