Friday, June 15, 2007

ver-te em verde
em versinho assim
escola, vento e paçoca
uma paisagem longe de mim

a mochila pesada
o sono na cara
a caderneta atrasada
e o livro que abafa toda a fantasia

debaixo da sombra no pátio
entre um lanche rápido
o menino afobado e seu rádio
a menina na mesma sintonia

roubo no jogo da gangorra
empurro você com força
e o calor do rosto disfarça
o rubor da minha alegria

oito horas se passam
oh, acabou o dia
o sinal da aula destaca
que acabou a euforia

Tuesday, June 12, 2007

Ontem eu tinha tanta coisa pra escrever. Tanto pra colocar pra fora. Pra falar. Tanto dentro de mim. Hoje, aqui, esse vazio absoluto. Sem saber de nada. Tapando um buraco por onde a chuva gosta de entrar.
Ouvindo Nick Drake. A música mais triste.
Vontade de abrir uma janela.
Uma certa preguiça que cansa.
Andando sem parar, mesmo sem motivo. Perdendo a hora. Esquecendo do ponto em que devo descer do ônibus.
Inventando casos e descasos. Fazendo tudo pra preencher. Muito espaço vazio dá nisso.
Wearing my heart like a crown. Queen.
Queen. Quem diria?
O óbvio não pode ser menosprezado.
Minha divagação acaba todas as vezes que aquele barulhinho estridente da caixa de entrada de email anuncia uma nova realidade. Uma coisa concreta. Uma promissória. Um infortúnio ou uma catástrofe.
Mesmo assim continuo lembrando de uma pequena caixa que tenho, que imita acrópolis. Não é bonita. Nem ao menos bem feita. Mas brilha quando o sol bate. Tem um tom rosado. Meio furta-cor. Meu quarto fica tomado de pequenas estrelhinhas reluzentes quando ela está perto da janela.
Outro dia saí para comprar um esmalte para pintar de rosa o que já estava desgastado pelo tempo.
Comprei um esmalte que tem o nome de Tibet Desire. Não vai servir para pintar a caixa e a cor não me agrada. Mas o nome do esmalte sim.
Ah, quanta contradição. Tibet.
Desire.