Thursday, May 17, 2007

De tudo sobre o amor fica, pelo menos, a certeza de uma coisa: Ele não é o mesmo, nunca. Ele muda de cor, de sabor. Muda com o tempo. Ele mudo, muda, se muda.
É como se fosse um bicho arredio que não se deixa domesticar. Uma receita descoberta por acaso e que ninguém tivesse lembrado de escrever. Uma sensação estranha de acordar do lado de uma pessoa que não se sabe quem é. Um barulho inesperado que te desperta. Uma vontade de entender.
Para Barthes a prova definitiva do amor é a espera. A espera pelo telefonema, pela chegada no lugar combinado, pelo amor correspondido. Mas isso é para Barthes. Somente para ele.
Para alguns o mais importante é a sensação de pertencimento. A sensação de conforto de um passeio no domingo ou o alívio de longas conversas à beira da praia. Para outros, a programação de TV do domingo no sofá é tudo o que se precisa.
Eu preciso do frio. Preciso do frio na barriga do primeiro encontro. Dos pés frios, calados. Do frio na espinha que dá. Preciso da falta de bom senso. Um exagero dos sentidos. Um arrebatamento meio século XIX. Um amor à madrugada.
Quero mesmo é morrer de ciúmes, saber que é para sempre desde o primeiro dia, reler todas as páginas marcadas do livro que já sei de cor. Quero mudar os móveis de lugar, rearrumar o armário. Arranjar um espaço novo. Chorar de dor sem o menor motivo. Uma ópera alemã. Dormir depois da hora e acordar já no fim de um dia nublado. Quero me embebedar sozinha em pleno domingo e que se dane a decência. A falta de decoro.
Sturm und Drang