Tuesday, August 21, 2007

A única coisa de que eu tinha certeza era de que precisava escrever.
Eu não tinha um tema e não tinha motivo. Mas sabia que precisava escrever.

Meu plano era simples. Simplório até.
Eu pediria à alguém próximo uma sugestão de tema. Dessa forma me livraria da obrigação de escolher um tema e uma razão pela qual escrever. Eu me desobrigaria a pensar por mim mesma. De pensar em alguma coisa realmente importante.

Voilá. Eu tinha achado minha pólvora.

Um amigo que sentava próximo era minha possibilidade de redenção. Meu pedido só incluía uma exigência: não poderia ser nada politizado. Mas hoje definitivamente não era meu dia de sorte. Meu tema estava lancado: Global Warming.

Meu conhecimento a respeito do assunto não é suficiente nem para preencher uma frase curta. Não vi os documentários mais importantes, não li as matérias mais relevantes que sairam no jornal. Não sabia nada. Nada mesmo.

Eu pensei em trapacear meu próprio jogo e procurar no Google alguma informação. Em 15 minutos eu teria material suficiente para fazer uma matéria, até bem crível. Eu escaparia dessa com minha reputação intacta e ainda me achariam bem informada e engajada. Eu iria parecer brilhante.

Mas isso não seria verdade.

A única coisa que me vinha à cabeça sobre o Aquecimento global eram essas grandes maremotos. Essas que sempre têm nomes impronunciáveis, que não sei de onde surgem. Pensei nas milhões de vidas. Nas cidades destruídas. Na mídia. No terror dos repórteres ao ter que noticiar o acontecimento. Nas equipes de salvamento.

Pensei na reconstrução que ela exige. Nas viúvas. Nas mães órfãs. Nos encontros despedaçados. No abril de sol. Nos namorados que se ali se encontravam. Pensei que existe um certo lirismo em uma maremoto. Uma certa delicadeza debaixo daquela fúria. Pensei que o mar volta pro lugar depois da cólera.

Someday our ocean will find its shore