Monday, August 28, 2006

Não me rendo
Estava de saco cheio do coração. Do orgão. Do assunto. De um tempo para cá não aguentava mais ouvir todas as questões sobre o bom e velho tema. Não queria mais saber das mazelas alheias, nem das minhas próprias. Não queria conversas amargas. Nem alegrias efuzivas. Queria ficar quieta. Aproveitar o que existia de concreto. Descobrir somente o que era consciente. O que podia ser tocado. Negligenciava qualquer aspiração.

Uma música certa, um pedaço de texto certo ou alguns amigos poderiam me satisfazer. Um chocolate, talvez. Qualquer coisa pequena. Qualquer coisa. O amor me parecia mais um objetivo supérfluo que poderia ser substituído. Nada tinha de essencial.

Talvez estivesse demais satisfeita pra precisar de alguma coisa; Pra querer alguma coisa.
Talvez estivesse apaixonada. Talvez sem pensar em nada.

Estava escrevendo e por um segundo encontrei algum pedaço largado de coração naquele texto. Estava óbvio para todos os que liam. Para todos, menos eu. Eu não conseguia ver nada. Simplesmente cuspia o que estava dentro de mim. Eu não me obedecia. Não tinha controle. Fiquei irritada. Fiquei com ódio do texto. Eu era uma fraude. Não tinha forças. Estava presa. Rasguei o papel em meu último recurso contra o inimigo.

O texto sempre tem razão.

1 Comments:

Blogger The Thales said...

Kel, olha o blog do Gabriel

http://batendobranco.blogspot.com/

Abraços!

8:32 PM  

Post a Comment

<< Home