Monday, August 28, 2006

26 de Agosto de 2003. Rio de Janeiro.
Stay. We start a Jazz band, ela disse. A frase não parecia fazer o menor sentido. Não, é claro que não. Ele não tinha assistido Lost in Translation.

Ele vinha de um país gelado e não fazia a menor idéia de como se fala português. Ele tem ascendência indiana e come com as mãos. Come com as mãos e estava ali. Ali por alguns instantes.

Ele vai embora sem ver o filme. Não sabe como ficar e fazer uma banda de jazz. Não sabe tocar e não sabe cantar. Ele vai embora e fala alguma coisa no ouvido dela. Mas ninguém sabe o que é.

O bar era barulhento, oferecia bebida barata e já passava muito da hora de dormir. Mas tudo era perfeito. O timing era perfeito. O silêncio era perfeito. Eles foram perfeitos por aquele dia. Um dia que ficou suspenso no ar como um parêntese. Um dia que durou muito mais do que um dia.

Eles não combinaram de se encontrar. Não trocaram telefones que não iam tocar. Não houve uma palavra desnecessária sequer. Tudo era urgente, imediato e completo.

Ela sabia que não conseguiria dirigir tão depressa quanto precisava para alcançá-lo. Ela sabia que não conseguiria se perder tanto assim.

Não houve despedida amarga. Nem um gosto de saudade ou incerteza. A seqüência inevitavelmente seria pior do que o início. O mundo era perfeito naquele instante

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